terça-feira, 5 de outubro de 2010

Dificuldades na Amamentação

Muitas vezes a maternidade bem como a amamentação são divulgadas de forma mágica, destaca-se as vivências positivas, as alegrias e os bons sentimentos que só uma mãe sabe descrever, mas infelizmente as dificuldades quase não são comentadas, a mulher vivencia suas frustrações, medos e inseguranças sozinha, sem saber como compartilhar algo que lhe parece estranho: Como pode uma mãe estar frustrada, cansada e angustiada por não conseguir amamentar? Como uma mãe pode estar deprimida? Como pode uma mãe não dar conta?

Percebo uma falta de abertura para que a mulher possa falar de suas fragilidades e limites, a cobrança normalmente vem da família e sociedade, e a mãe que está fragilizada não vê onde se apoiar.

Tenho a impressão de que há uma imagem romântica sobre a maternidade e mais especificamente com relação a amamentação.

Hoje fiquei surpresa ao me deparar com o depoimento de Adriane Galisteu na capa de uma revista, ela falou de forma muito aberta de sua dificuldade “Entrei em pânico com a amamentação” .

A entrevista expôs sua experiência de forma real, ressaltando a beleza da maternidade, mas sem esconder suas dificuldades, falou sobre limites, frustrações... que muitas vezes é preciso persistir, que o sofrimento às vezes acontece sim, mas que o sucesso veio a partir da insistência e vontade de amamentar. Galisteu demonstrou coragem em abordar o tema desta forma.

Acredito que a mulher da atualidade se depare com situações que suas mães e avós não vivenciaram, talvez por isso  há casos de incompreensão. No passado as mulheres viviam mais próximas, eram mãe, filha, sogra, irmãs mais participativas no nascimento de uma criança, havia uma rede de apoio e a mulher participava de cuidados de outras crianças desde muito cedo, hoje acontece que muitas mães nunca pegaram um bebê no colo e o seu filho é o primeiro...as irmãs, mãe, sogra, primas nem sempre estão disponíveis ou porque nem tem tempo para seus próprios filhos, ou moram todos longe, são as características da vida moderna.

As campanhas sobre aleitamento materno são de extrema importância, porem devem abordar não só a importância do leite materno mas as dificuldades que podem surgir e como a mulher deve proceder. É importante que a mãe seja orientada não só durante a gestação, mas que tenha a possibilidade de recorrer a ajuda profissional quando algo não vai bem, a orientação deve ser rápida para que esta não desista e persista se o seu desejo é amamentar seu filho.

Maria Elisangela 

3 comentários:

  1. Olá Elisângela!
    Seu artigo vem agregar à experiência da amamentação a possibilidade da mãe sentir angústia, medo, ansiedade... Como não sentir toda essa onda de sentimentos, muitos deles não reconhecidos pela família e sociedade, quando a mãe está diante da responsabilidade da sobrevivência do seu bebê e do seu bom desenvolvimento?
    Para que o processo da amamentação se estabeleça é preciso, inclusive, olhar para aquilo que está incômodo e difícil.
    Abraço fraterno
    Rosângele Prado
    Psicóloga Perinatal
    Valinhos/SP

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  2. Maria Elisângela, que blog bacana, parabéns! e obrigada pela visita e comentário no "menu do bebê".
    Bjos

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  3. Olá Elisângela,
    Vim agradecer a visita.
    Adorei seu post...acho que falta muita informação sobre as dificuldades que podemos enfrentar nessa nova fase, afinal essa nova vida não vem com manual, e sempre que encontramos histórias vemos somente a parte bonita a parte dolorosa, quase ninguém conta.
    Muitas vezes é mais fácil desistir, dar mamadeira, do que persistir...

    Sucesso...bjs

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